quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Dualismo

O som do silêncio era absolutamente estonteante, um prazer tão vasto quanto incompreensível. A exuberância da escuridão conflagrava sua alma. O vento em seu rosto lhe proporcionava um misto de sensações atemporais e atípicas.
Era nessas condições em que ele podia viver os momentos mais intensos de sua efêmera existência, onde podia se libertar de dogmas e leis e se entregar a seu inferno particular. Nesse instante, demônios e anjos presos em sua alma libertavam-se, tornando-o tão humano quanto podia ser.
Via-se livre da hipocrisia de se prezar como uma boa pessoa, colocando pra fora toda sua pureza e devassidão, todos seus instintos e pensamentos que seriam ridicularizadospor qualquer molde da sociedade em que vivia.
Com os braços abertos sentia correr por entre suas veias uma nova espécie de adrenalina, o que fazia com que cada molécula de seu corpo se renovasse e com que tudo que não fosse parte do seu caráter se esvairisse de uma maneira quase algófila e instantânea.
 Cada momento parecia eterno, cada segundo uma vida, cada instante um conjunto de sentimentos indecifráveis que faziam com que ele voltasse a ser nada mais nada menos do tudo aquilo que ele sempre foi: humano, com desejos e anseios mais improváveis e bipolares o possível, fazendo com que ele voltasse a ser ele mesmo, sem se importar com o resto.