sábado, 25 de setembro de 2010

Ele

O chão gelado fazia com que a sensação de frio aumentasse ainda mais. O cobertor xadrez já rasgado que só cobria parte do seu corpo é puxado pra cima, na esperança de amenizar o vento brutal da madrugada. Ele tenta pensar em outra coisa, mais é quase impossível deixar de pensar que se está com fome quando seu estômago o avisa de que há uma semana ele não comia. Calor humano? Há anos ele não sabia o que era isso. O desprezo era sua rotina, a solidão, sua única amiga.
Seu nome ele já quase não se lembrava mais, só o chamavam de ''moço da rua''. As pessoas já não o enxergava mais, ele havia se tornado parte da paisagem daquela praça.
Vontade de se matar? Todos os dias dos últimos 12 anos de sua vida ele havia pensado na morte. Mas ele não haveria de desistir da vida tão cedo. Ela era sua única certeza. Deus? Apenas expeculações sobre o mesmo... Já não conseguia mais acreditar no Deus utópico do cristianismo, que vê o sofrimento como algo bom, enquanto assiste tudo lá de cima. De onde veio? Para onde vai? Quem é? Nada disso. Sua única certeza era essa: eu estou vivo e a vida não há de ser ruim por todo seu resto.
Seus pensamentos são interrompidos por um vira-lata que passa latindo na rua deserta. Melhor ele do que seres humanos - pensa ele. Por falar nisso , não entendia o porquê de tanta indiferença entre seres da mesma 'raça' . A frieza congelou o coração da maioria ao seu redor, mas ele não desistirá.  A VIDA AINDA HÁ DE SER BELA, O JARDIM AINDA HÁ DE FLORESCER , A PRIMAVERA AINDA HÁ DE CHEGAR, TRAZENDO CONSIGO TUDO AQUILO QUE ESTÁ NO PROFUNDO , NO ÍNTIMO.O SOL AINDA NASCERÁ DISSIPANDO A NOITE E TRAZENDO CALOR: CALOR HUMANO, O CALOR DE UM ABRAÇO, DAS COISAS SIMPLES, O CALOR QUE É AMAR E VALORIZAR CADA PESSOA COMO SE ELA FOSSE VOCÊ MESMO, O CALOR QUE É VIVER.

domingo, 19 de setembro de 2010

Pensamentos

A palidez de sua pele contrastava com a mancha cinzenta abaixo dos seus olhos, mostrando que o sono escapara de sua rotina há dias. Seus olhos fixos no teto se opunham à turbulência de seus pensamentos, que muito pelo contrário não se fixavam em nada nem em ninguém , justamente para não se pegar pensando no que lutava para fugir. O emaranhado de seus cabelos provava que a aparência já não era o que importava. De algum tempo pra cá , toda sua vida desabou. Todas suas crenças, ideologias, convicções e teorias a respeito do mundo e da vida ruiram, desabaram como um prédio em demolição, como uma vida em crise. Nada mais fazia sentido. Se o mundo não é como pensava, o que é então? Se as coisas não são como disseram - ou são? - como encarar a vida?
Tudo o que via em sua realidade mórbida eram as pessoas. Pessoas que perderam a essência, pessoas que pederam o valor. Pessoas que buscam um sentido fútil pra viver e se afogam em seus próprios sonhos. Pessoas que não são mais pessoas, pois perderam o que o ser humano posssui de mais valioso: a humanidade. Perderam o amor, o respeito , a compaixão. Perderam o direito de serem humanos e se tornaram como máquinas, programadas para produzirem algo para alguém maior que elas próprias. O desespero invade todo seu quarto. Uma hora será preciso sair de seu mundinho particular e encarar as pessoas. Uma hora será preciso vivenciar esse sistema e lutar, lutar para que as pessoas não tirem a pessoa que há por dentro, lutar para que a humanidade que ainda resta em si , não se congele e se transforme em apenas mais um que movimenta esse ritual de egoísmo e sobrevivência que é viver.

domingo, 5 de setembro de 2010

''Modinhas" e tendência

Então... devido à grandes repercussões sobre o assunto, resolvi escrever sobre as ''modinhas''.

 Temos vivido dias onde as tendências atuais tem causado grandes polêmicas. Em vlogs, pessoas criticam as ''modinhas'', enquanto outras defendem de unhas e dentes a moda do colorido, do ''happy rock'' , do crepúsculo, do cabelo de chapinha dos meninos, etc.
  Pensando no assunto, meditei sobre a geração em que vivemos. Jovens sem caráter próprio, indo e vindo na correnteza. Descobri que os jovens de hoje, pelo menos grande parte deles, não são o que gostariam de ser simplesmente por medo de não serem aceitos na sociedade em que vivem, ou de serem taxados como ''caretas''. Manipuladores de massas injetam no subconsciente da juventude que, pra ela ser aceita,ela tem que ouvir tal música, vestir tal roupa, ir em tal lugar, tornando-os assim, seus fantoches, seus objetos de manobra.
Chega disso! Diga não à tendência! Seja você mesmo! Se você gostar de alguma dessas "modinhas" contemporâneas, goste por você mesmo, não pelos outros! Tenha personalidade!
Não devemos cair no erro de tentar ser aceitos por algo que não somos, pois os que só nos aceitam desse jeito não são dignos de serem chamados de amigos e nem mesmo de pessoas de caráter próprio, porque elas provavelmente já foram influênciadas e perderam sua personalidade em meio a "modinhas" e tendências tentando se fazerem aceitas por outros.