quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

A vida

 Estive pensando sobre a vida, a observei em outros seres humanos. Ah... a vida! Ao mesmo tempo cativante e desmotivadora. Fútil. Bastante fútil, aliás. Nem mesmo filosofias de vida ou doutrinas religiosas a dão um sentido maior, apenas a mascaram. A vida humana na verdade  se resume em dois fatores: sobreviver e perpetuar nossa espécie. Isso é realmente deprimente.  Estamos condenados a sobreviver, fadados à nossa efêmera existência.
 Vou explicar.
 Por que estudamos? Por que trabalhamos? Por que abandonamos tudo pra sair em busca de algo novo? Para sobreviver. Ganhamos dinheiro para garantir nosso alimento e também para comprar coisas que tornem nossa sobrevivência mais agradável.
 E todo o resto de nossas vidas além de artefatos para sobreviver, se resume em encontrar ''alguém''. A pessoa amada. Na verdade, o amor entre homem e mulher e o desejo sexual nada mais são que artimanhas da nossa natureza para nos atrair ao sexo, à perpetuação de nossa espécie.
O que mais é a vida senão isso? Tudo que fazemos e pensamos gira em torno dessas duas questões.
Essa é a dura realidade, essa é a náusea existencial, esse é o nada.
 Por isso desanimaremos? Não, pelo contrario.  Aproveite o hoje, viva, seja feliz, dê valor às coisas simples. CARPE DIEM.

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Dualismo

O som do silêncio era absolutamente estonteante, um prazer tão vasto quanto incompreensível. A exuberância da escuridão conflagrava sua alma. O vento em seu rosto lhe proporcionava um misto de sensações atemporais e atípicas.
Era nessas condições em que ele podia viver os momentos mais intensos de sua efêmera existência, onde podia se libertar de dogmas e leis e se entregar a seu inferno particular. Nesse instante, demônios e anjos presos em sua alma libertavam-se, tornando-o tão humano quanto podia ser.
Via-se livre da hipocrisia de se prezar como uma boa pessoa, colocando pra fora toda sua pureza e devassidão, todos seus instintos e pensamentos que seriam ridicularizadospor qualquer molde da sociedade em que vivia.
Com os braços abertos sentia correr por entre suas veias uma nova espécie de adrenalina, o que fazia com que cada molécula de seu corpo se renovasse e com que tudo que não fosse parte do seu caráter se esvairisse de uma maneira quase algófila e instantânea.
 Cada momento parecia eterno, cada segundo uma vida, cada instante um conjunto de sentimentos indecifráveis que faziam com que ele voltasse a ser nada mais nada menos do tudo aquilo que ele sempre foi: humano, com desejos e anseios mais improváveis e bipolares o possível, fazendo com que ele voltasse a ser ele mesmo, sem se importar com o resto.

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

A cruz

O calor era tão intenso quanto sua dor naquele momento. O desejo de morrer era mais real que sua própria vida. O suor escorria por entre suas feridas, intensificando sua dor física. Dor essa que não era maior do que a sentida pela alma : a dor do abandono, a dor da traição, a dor de ver aqueles pelos quais você lutou e acreditou fugirem como cães medrosos a procura de salvarem apenas seus rabos imundos.
Já não restava mais nada. Tudo aquilo em que acreditava, tudo o que dizia ser verdade, cada segundo em que vivia aquilo em que repousava sua consciência contribuiu para o colocar naquela situação: vergonha, dor, miséria, cruz.
Era o século primeiro. Vinte séculos depois a situação é a mesma. Jesus pregou contra a religião, contra a doutrina e foi morto pelos líderes das instituições contemporâneas a sua época.  Hoje eles continuam a crucificar. Exibem como prêmio a cabeça de ''rebeldes'' ou pessoas que contestam suas doutrinas e ensinamentos.
Idiotas cegos que não percebem que a maior lição a ser tirada da morte de Cristo é a de que a religião é algo vazio, sem sentido e com sede de sangue e que o único fator que realmente importa e faz a diferença é justamente o oposto de toda essa carnificina oculta: O AMOR.

sábado, 25 de setembro de 2010

Ele

O chão gelado fazia com que a sensação de frio aumentasse ainda mais. O cobertor xadrez já rasgado que só cobria parte do seu corpo é puxado pra cima, na esperança de amenizar o vento brutal da madrugada. Ele tenta pensar em outra coisa, mais é quase impossível deixar de pensar que se está com fome quando seu estômago o avisa de que há uma semana ele não comia. Calor humano? Há anos ele não sabia o que era isso. O desprezo era sua rotina, a solidão, sua única amiga.
Seu nome ele já quase não se lembrava mais, só o chamavam de ''moço da rua''. As pessoas já não o enxergava mais, ele havia se tornado parte da paisagem daquela praça.
Vontade de se matar? Todos os dias dos últimos 12 anos de sua vida ele havia pensado na morte. Mas ele não haveria de desistir da vida tão cedo. Ela era sua única certeza. Deus? Apenas expeculações sobre o mesmo... Já não conseguia mais acreditar no Deus utópico do cristianismo, que vê o sofrimento como algo bom, enquanto assiste tudo lá de cima. De onde veio? Para onde vai? Quem é? Nada disso. Sua única certeza era essa: eu estou vivo e a vida não há de ser ruim por todo seu resto.
Seus pensamentos são interrompidos por um vira-lata que passa latindo na rua deserta. Melhor ele do que seres humanos - pensa ele. Por falar nisso , não entendia o porquê de tanta indiferença entre seres da mesma 'raça' . A frieza congelou o coração da maioria ao seu redor, mas ele não desistirá.  A VIDA AINDA HÁ DE SER BELA, O JARDIM AINDA HÁ DE FLORESCER , A PRIMAVERA AINDA HÁ DE CHEGAR, TRAZENDO CONSIGO TUDO AQUILO QUE ESTÁ NO PROFUNDO , NO ÍNTIMO.O SOL AINDA NASCERÁ DISSIPANDO A NOITE E TRAZENDO CALOR: CALOR HUMANO, O CALOR DE UM ABRAÇO, DAS COISAS SIMPLES, O CALOR QUE É AMAR E VALORIZAR CADA PESSOA COMO SE ELA FOSSE VOCÊ MESMO, O CALOR QUE É VIVER.

domingo, 19 de setembro de 2010

Pensamentos

A palidez de sua pele contrastava com a mancha cinzenta abaixo dos seus olhos, mostrando que o sono escapara de sua rotina há dias. Seus olhos fixos no teto se opunham à turbulência de seus pensamentos, que muito pelo contrário não se fixavam em nada nem em ninguém , justamente para não se pegar pensando no que lutava para fugir. O emaranhado de seus cabelos provava que a aparência já não era o que importava. De algum tempo pra cá , toda sua vida desabou. Todas suas crenças, ideologias, convicções e teorias a respeito do mundo e da vida ruiram, desabaram como um prédio em demolição, como uma vida em crise. Nada mais fazia sentido. Se o mundo não é como pensava, o que é então? Se as coisas não são como disseram - ou são? - como encarar a vida?
Tudo o que via em sua realidade mórbida eram as pessoas. Pessoas que perderam a essência, pessoas que pederam o valor. Pessoas que buscam um sentido fútil pra viver e se afogam em seus próprios sonhos. Pessoas que não são mais pessoas, pois perderam o que o ser humano posssui de mais valioso: a humanidade. Perderam o amor, o respeito , a compaixão. Perderam o direito de serem humanos e se tornaram como máquinas, programadas para produzirem algo para alguém maior que elas próprias. O desespero invade todo seu quarto. Uma hora será preciso sair de seu mundinho particular e encarar as pessoas. Uma hora será preciso vivenciar esse sistema e lutar, lutar para que as pessoas não tirem a pessoa que há por dentro, lutar para que a humanidade que ainda resta em si , não se congele e se transforme em apenas mais um que movimenta esse ritual de egoísmo e sobrevivência que é viver.

domingo, 5 de setembro de 2010

''Modinhas" e tendência

Então... devido à grandes repercussões sobre o assunto, resolvi escrever sobre as ''modinhas''.

 Temos vivido dias onde as tendências atuais tem causado grandes polêmicas. Em vlogs, pessoas criticam as ''modinhas'', enquanto outras defendem de unhas e dentes a moda do colorido, do ''happy rock'' , do crepúsculo, do cabelo de chapinha dos meninos, etc.
  Pensando no assunto, meditei sobre a geração em que vivemos. Jovens sem caráter próprio, indo e vindo na correnteza. Descobri que os jovens de hoje, pelo menos grande parte deles, não são o que gostariam de ser simplesmente por medo de não serem aceitos na sociedade em que vivem, ou de serem taxados como ''caretas''. Manipuladores de massas injetam no subconsciente da juventude que, pra ela ser aceita,ela tem que ouvir tal música, vestir tal roupa, ir em tal lugar, tornando-os assim, seus fantoches, seus objetos de manobra.
Chega disso! Diga não à tendência! Seja você mesmo! Se você gostar de alguma dessas "modinhas" contemporâneas, goste por você mesmo, não pelos outros! Tenha personalidade!
Não devemos cair no erro de tentar ser aceitos por algo que não somos, pois os que só nos aceitam desse jeito não são dignos de serem chamados de amigos e nem mesmo de pessoas de caráter próprio, porque elas provavelmente já foram influênciadas e perderam sua personalidade em meio a "modinhas" e tendências tentando se fazerem aceitas por outros.

sábado, 28 de agosto de 2010

Lembranças

Hoje descobri que é possível voltar no tempo, mas que essa viagem pode ser como  um doloroso dedo em feridas mal cicatrizadas. Lembranças. Fatos. Momentos. Pessoas. Pessoas que deixaram um pouco de sua personalidade encrustada em mim, pessoas que ajudaram a moldar meu caráter, meu eu, pessoas que marcaram minha vida, amigos-irmãos que a vida distanciou e que o indiferente presente faz com que estejam tão próximos, mas ao mesmo tão longe, que é como se não estivessem aqui.
Me lembrei dos momentos que passamos juntos. Se não é possível tê-los novamente, a solução mais plausível que me restou foi reviver, reviver intensamente como em um sonho, como em um filme onde as coisas não terminam como o esperado e você chora toda vez que assiste seu final. E falando em chorar, nesse momento as lágrimas insistem em lutar para saltar pra fora de minhas pálpebras, mostrando que cada momento revivido não foi apenas uma lembrança da mente, antes, da alma, do espírito.

domingo, 4 de julho de 2010

Com a lua, sobre a lua


 Por um momento eu quis fugir do mundo. Quem nunca sentiu vontade de sair, de mudar de vida, de não ser obrigado a  fazer o que a sociedade nos impõe, de não ter que conviver com os homens maus e hipócritas, homens falsos e que pisam uns nos outros? Então vim parar aqui. Daqui vejo as estrelas, e quando meus olhos encontram a lua, a majestosa e misteriosa lua, um vazio enorme se apodera do meu ser. A lua. Milhares de homens de cultura e pensamentos diferentes já contemplaram sua beleza. Homens de décadas e séculos diferentes já estiveram sobre o seu olhar imponente. Daqui vejo também a cidade, mais uma geração de homens vigiados por ela, a sentinela da raça humana. Somos apenas mais uma , mais uma geração sob a lua, com anseios e desejos, sonhos e imperfeições. Daqui tudo parece ser relevante, tupo parece passageiro. Lá embaixo os homens se afundam em suas ambições, e eu estou aqui, do lado de fora do mundo observando como a nossa vida é fútil e sem utilidade alguma. É, eu estou aqui, já não podendo estar mais, pois tenho que descer até lá e tentar fazer com quae a vida valha a pena e faça sentido, tentando esconder-me do insondável olhar da lua.

sábado, 26 de junho de 2010

Você


No meio da multidão é que eu me sinto mais sozinho. Flashs de momentos que passei com você insistem em não sair da minha mente, e seu cheiro continua impregnado em minha roupa. Se eu pudesse estar com você agora, talvez tudo fosse diferente, talvez minha vida iria ter algum sentido e talvez eu não estaria aqui, perambulando como um andarilho, como um cão que procura pelo dono, como alguém que necessita de apenas um motivo para continuar a viver: ter você em mim.

sexta-feira, 11 de junho de 2010

Madrugada


 Aqui os dias são monocromáticos e sem graça. A vida sem você perto de mim não é vivida. As horas não passam,  o tempo não muda e a noite não termina. O frio congela meus ossos; não me importo. Não tenho o calor dos seus braços para me aqueçer,se é que já os tive realmente alguma vez além de dentro dos meus sonhos. E por falar em sonhos, queria acordar desse pesadelo que é a sua ausência. Lembranças de momentos que nunca tivemos tomam conta de minha mente; sinto saudades do que nunca vivi.

sábado, 5 de junho de 2010

O espelho


  Minha imagem no espelho revela que meus olhos se frustram ao tentar ocultar o que se passa dentro de mim, mesmo quando eu acredito ter alcançado esse objetivo há tempo. A falta que você me faz não é menor que antes, ela apenas foi amenizada pela monotonia do cotidiano. Será que os intensos momentos que passamos juntos não foram reais? Será que as promessas que foram feitas a mim são apenas o fruto de uma mente fértil? Não, não é possível. Quando eu tentava te encontrar foi que eu te perdi pra sempre! Meu único desejo agora é acordar desse pesadelo que é a sua falta ... ou será que é  você que não passou de um sonho, uma imagem fundada na espectativa de que você fosse real? Fecho meus olhos. O hálito frio e mortal da solidão sussurra o silêncio em meus ouvidos. O medo domina meu corpo e o desespero se apodera da minha mente. Permaneço imóvel e sem coragem de abrir os olhos e contemplar diante de mim uma criatura que apenas existe, destinada a vagar pelo mundo, fingindo ter um sentido para continuar a caminhar, fingindo ter uma causa pela qual lutar, fingindo ser feliz, fingido ter coragem, fingindo viver.
 
                                                                                                                                    J.W.G.

sexta-feira, 4 de junho de 2010

Tempestade


 Todos se foram. A chuva não cessa, brutal e constante caindo sobre mim. Não vejo mais saída, meu desejo é deixar que a fúria da tempestade me domine e me consuma. Mas não posso me entregar, eu chamo por você, eu grito pelo seu nome, ouvindo apenas o eco quase imperceptível da minha voz reverberando no silêncio macabro dessa escuridão que me envolve. Meus maiores temores e medos se realizam agora, como numa cena horenda e maligna pois percebo que você não virá ao meu encontro, descubro que você é apenas uma sombra, um reflexo no espelho, um produto de minha mente. Minhas lágrimas se tornam mais intensas que a tempestade e então me entrego totalmente a ela, pois tudo foi em vão ea vida perde o sentido sem você, já que você era minha vida. Só resta agora me render, aguardando pacientemente o fim dos meus dias no mundo dos vivos.

                                                                                                                       J.W.G.             

Dia nublado


 Me sinto só. Me sentiria assim mesmo em meio à uma multidão, pois quando olho pra dentro de mim enxergo apenas o vazio a ser preenchido por você. Me perco por instantes na densa e tenebosa névoa que paira sobre minha cabeça em mais um dia nublado e sem cor, tentando esqueçer a falta que você me faz. Em espasmos de agonia tento expirar o último fôlego de vida que habita em meus pulmões mas em vão eu tento, pois ele se foi com você, minha vida, meu tudo. Volto à realidade e percebo então que nada sou agora. Era em você que eu me sentia seguro e forte, meu refúgio, minha luz. Resta apenas o silêncio, e assomos de memórias dolorosas que me martirizam e me fazem lembrar o que eu tento esqueçer: perdi meu chão, perdi minha vida, perdi você.

                                                                              J.W.G.