domingo, 19 de setembro de 2010

Pensamentos

A palidez de sua pele contrastava com a mancha cinzenta abaixo dos seus olhos, mostrando que o sono escapara de sua rotina há dias. Seus olhos fixos no teto se opunham à turbulência de seus pensamentos, que muito pelo contrário não se fixavam em nada nem em ninguém , justamente para não se pegar pensando no que lutava para fugir. O emaranhado de seus cabelos provava que a aparência já não era o que importava. De algum tempo pra cá , toda sua vida desabou. Todas suas crenças, ideologias, convicções e teorias a respeito do mundo e da vida ruiram, desabaram como um prédio em demolição, como uma vida em crise. Nada mais fazia sentido. Se o mundo não é como pensava, o que é então? Se as coisas não são como disseram - ou são? - como encarar a vida?
Tudo o que via em sua realidade mórbida eram as pessoas. Pessoas que perderam a essência, pessoas que pederam o valor. Pessoas que buscam um sentido fútil pra viver e se afogam em seus próprios sonhos. Pessoas que não são mais pessoas, pois perderam o que o ser humano posssui de mais valioso: a humanidade. Perderam o amor, o respeito , a compaixão. Perderam o direito de serem humanos e se tornaram como máquinas, programadas para produzirem algo para alguém maior que elas próprias. O desespero invade todo seu quarto. Uma hora será preciso sair de seu mundinho particular e encarar as pessoas. Uma hora será preciso vivenciar esse sistema e lutar, lutar para que as pessoas não tirem a pessoa que há por dentro, lutar para que a humanidade que ainda resta em si , não se congele e se transforme em apenas mais um que movimenta esse ritual de egoísmo e sobrevivência que é viver.

2 comentários:

  1. Nooss, esse vc se superou !

    é, concordo mesmo...

    PERDERAM A HUMANIDADE!
    Eu me encontrei muito nesse texto!

    encarar as pessoas...
    saiir do mundinho particular...

    :/

    ResponderExcluir