
Sonhos.
Projetos futuros.
Metas profissionais....
Envolvente como o vinho, se enbebedava aos poucos com a doçura da ambição oferecida solenemente
pelo atual sistema ao qual é contemporâneo.
O Sistema.
Mal sabia Lázaro que os porcos são criados para o abate. O sistema que o alimenta com a lavagem de um padrão de vida idealizado como sagrado, para , através disso usurpar dele toda carne disponível em si, todo seu esforço. Intelectual, físico, sentimental.
Esse era o sistema em que ele se envolvia. O mesmo que o ensinou os rótulos e padrões desde sua infância. Que gerou seus sonhos e cobrou dele resultados. Mas não para maior benefício prório. Não gozaria de seu esfoço e inteligência adquiridos ao longo da vida. Os venderia a troco de uma "comida para engordar porcos": um salario que o manteria acomodado; uma moeda de prata para cada ano de sua vida. Trinta talvez. Moedas que pagariam, na verdade, o mesmo alimento dos burgueses gordos donos de todo esse chiqueiro. Porcos. Eles se alimentam de tudo que os porcos possuem.
Até que chega o dia do abate.
Até que Lázaro pare de produzir e não tenha mais nenhum valor para eles.
Até lá, ele apenas ouve o som da chuva e deixa o cigarro queimar, só em seus dedos, enquanto o vento frio o traz esperança e o faz pensar estar planejado um futuro préviamente estabelecido em seu subconsciente :
O faz escolher ser uma engrenagem a mais, escolher uma função para exercer no meio disso tudo a troco de suas míseras moedas de prata. O faz decidir qual o tipo de lavagem usará para se engordar. O fará determinar qual gosto terá sua carne no prato daqueles que o alimentou.
A menos que se torne um deles, que se ceda ao sistema e construa chiqueiros, para extração, consumo, e abate.